02 out 20

A importância de um mindset adaptável em tempos de pandemia

Consultor do ProCED-FIA explica como mudar seu mindset para enfrentar os novos desafios da pandemia

No fim de 2019, um funcionário conversa com o seu chefe, o dono de um restaurante à beira mar no litoral norte de São Paulo, sobre os rumos da empresa para o ano que estava por vir. Este colaborador sugere ao patrão que invista em ferramentas mais digitais e treinamentos para alguns membros do staff para que o comercio também possa atender delivery via aplicativo. A resposta do dono do negócio foi na contramão da ideia do funcionário, não se tratava de um mindset adaptável:

“Meu jovem, agradeço a sua preocupação. No entanto, não consigo ver meu restaurante fazendo delivery. Há trinta anos, tenho esse comércio aqui de frente para a praia. É isso que atrai a nossa clientela, além do excelente atendimento e menu que dispomos”, afirmou o patrão. Na sequência, com um tom de ironia, ele questionou o empregado:

“Como vamos levar esse ambiente requintado e mantermos nosso cardápio com o frescor do nosso restaurante para a casa das pessoas? Acho que isso vai ser um tiro no pé para a nossa marca, completou o empresário.”

Pandemia da Covid-19

Três meses após esse diálogo, o governo do Estado de São Paulo decreta o fechamento de comércios e serviços não essenciais devido a pandemia da Covid-19. Bares e restaurantes poderiam atuar apenas no sistema delivery. O imprevisível aconteceu, o comércio à beira mar, que atuava com o mesmo modelo de negócios há trinta anos, fechou as portas. Quatro meses parado, sem qualquer ganho, só despesas, decretaram o seu fim.

E se este empresário tivesse mudado seu mindset no fim de 2019, quando foi instigado a investir num novo modelo de negócios, será que essa história seria diferente? A forma como bares e restaurantes tiveram de se reinventar para continuarem faturando durante a pandemia, leva a crer que sim. Mas para responder a essa pergunta de forma mais assertiva, vamos primeiro conceituar o que é mindset e de que forma ele influencia na gestão de pessoas e negócios.

Adaptação ao novo mundo

Como mencionado pelo consultor e professor da FIA, Antonio Terassovich, também especialista em gestão de pessoas, a forma como enxergamos o mundo influência em nossos relacionamentos, em nossas entregas e como lideramos negócios e equipes. No webinar “Mindset e Liderança, Covid-19”, promovido pelo MBA de Gestão Empresarial do ProCED-FIA Terassovich explica que o mindset funciona como um piloto automático com informações imputadas ao longo de nossas vidas com nossas crenças e valores.

“O Mindset é como se fosse um óculos que você põe e enxerga o planeta, a sociedade, seus amigos, sua família e a empresa em que você trabalha”, explica. Mas, por outro lado, este óculos não pode ficar embasado, o cérebro precisa receber novos inputs ao passar dos anos, novas experiências, e se remodelar a partir dessas informações.  “Quanto mais a gente aprende, mais mudamos o nosso mindset”, esclarece o professor do ProCED-FIA.

Contudo, quando não retemos as informações à nossa volta e mantemos o status quo, como no exemplo do empresário do início deste artigo, a tendência é de perdas. “O mundo já estava mudando por conta da tecnologia, quem não se adaptou a ela ficou para trás”, ressalta Terassovich.

Parafraseando um colega, o professor explica que estamos todos na mesma tempestade —fazendo referência à crise da Covid-19 —, mas em meios de transporte marítimos diferentes. Alguns estão navegando nessa tempestade com botes, outros com lanchas e alguns com navios. Obviamente, aqueles que estão com bote são mais frágeis, se eles não conseguirem ser resilientes e se adaptar aos novos tempos, vão naufragar.  

Técnica STOP

No entanto, analisa o consultor, vivemos num mundo repleto de informações e não é fácil selecionarmos quais dados devemos ou não armazenar para a tomada de decisão. Mas, por outro lado, explica Terassovich, como especialista do negócio, a tomada de decisão precisa ser do líder, não há como terceirizar essa tarefa. Nesse momento, em vez de agir impulsivamente, o professor orienta a liderança a usar a técnica STOP:

S – Step back (dê um passe atrás)

T – Think (pense)

O – Obserserve (observe)

P – Proceed (ação)

“Ao usar essa técnica de primeiro respirar, pensar, observar e só depois agir, o comportamento e os hábitos dos líderes começam a mudar”, afirma. Além disso, o especialista em gestão de pessoas também aconselha que a liderança tome o rumo do mindset de aprendizado e não do mindset fixo. No primeiro, aprendemos rapidamente com os nossos erros; no segundo, a culpa é terceirizada.

“Estamos vivendo momentos difíceis. É muito ruim ter de lidar com tudo isso, mas quando o ser humano sofre, surgem também grandes oportunidades”, ressalta o professor.

E ele tem razão, se voltarmos há trinta ou quarenta anos no cenário brasileiro. A inflação, à época, era um dragão incansável. Diversos planos econômicos tentaram acabar com a inflação. Todas em vão. Assim como hoje, com os temores da pandemia do novo coronavírus, o medo tomava conta das casas brasileiras. Uma família não sabia se conseguiria pagar suas contas. Vivia-se um dia de cada vez, sem direito a planos futuros.

E mesmo com todas as adversidades relatadas, algumas bem parecidas com as atuais, sobrevivemos a esses tempos difíceis. E, sim, algumas indústrias saíram fortalecidas com essa crise. É difícil acreditar, mas existe saída ao fim da tormenta. Sempre existiu. E assim será também após essa crise. Claro, haverá perdas, mas também grandes oportunidades.

Esse conteúdo faz parte de aulas do nosso MBA de Gestão Empresarial. Quer saber mais sobre o tema? Nos acompanhe também em nossas redes sociais e saiba como reinventar a sua carreira em tempos de pandemia.


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