10 nov 20

Como ser um bom gestor financeiro?

Veja como um líder da área financeira deve exercer sua função estrategicamente

Cuidar do patrimônio de uma empresa, observando todas as circunstâncias internas e externas à organização, não é tarefa fácil. E ainda há muitos que acreditam que para ser um bom gestor financeiro basta a pessoa saber lidar muito bem com números.

Mas como Simone Costa, especialista em finanças e contabilidade, salienta, a atuação de um profissional de finanças vai além de uma análise fria do balanço da empresa. Para a professora do ProCED-FIA, um bom profissional da área precisa estudar os números da organização contextualizando-os com o mercado e indicadores econômicos. “Se você quer ser um bom gestor financeiro essas questões precisam fazer parte da sua conta”, afirma.

No webinar promovido pela FIA Desafios de Gestão Empresarial: O gestor financeiro e a informação contábil na administração do capital de giro, a professora discorre de forma didática sobre temas do universo financeiro e contábil. Costa destaca no bate-papo como um profissional da área precisa ficar atento a alguns conceitos tais como capital de giro, vendas a prazo, inadimplência, ciclo operacional da empresa entre outros.

Volume de capital de giro

Uma das primeiras preocupações do profissional da área, de acordo com a especialista, é fazer uma análise do capital de giro da empresa. Em outras palavras, o gestor precisa saber qual é o dinheiro disponível da organização para eventuais dificuldades que a empresa possa passar.
Trata-se de um equilíbrio financeiro entre períodos de altas e baixas nas vendas.

Por exemplo, durante uma crise como a ocorrida recentemente com a pandemia, os mercados ficaram retraídos e muitas empresas não dispunham de caixa para suportar um ou dois meses sem vendas. O que aconteceu? Muitos negócios fecharam as portas. A correta gestão do capital de giro da empresa poderia evitar esse desastre. “O dia a dia da operação de uma empresa demanda a necessidade de capital de giro”, destaca Costa.

Na visão da professora, a análise correta da própria contabilidade da empresa já pode prover bons insights para a análise de capital de giro. “Se o profissional souber explorar bem esses dados, ele pode pegar da própria contabilidade recursos para fazer essa operação girar de forma mais interessante”, afirma.

Balanço patrimonial

Para fazer um estudo da saúde financeira da empresa, um bom gestor financeiro precisará fazer uma análise do balanço patrimonial da organização, subdivido em três grandes grupos:

  • Ativo: onde constam os bens e os direitos da empresa
  • Passivo: onde constam as obrigações e dívidas
  • Patrimônio líquido: onde constam os recursos investidos por sócios e acionista no negócio

Em suma, o relatório é uma fotografia que retrata a aquisição de recursos da organização e aplicação deles. “Nessa análise já é possível ver se a empresa tem recursos suficientes para pagar as dívidas no curto prazo”, indica a consultora.

Pontos de atenção na operação

Contudo, defende Costa, há pontos de atenção que precisam ser ponderados pelo gestor financeiro para uma análise mais precisa. Um deles é o volume de vendas a prazo. “Toda vez que eu vendo a prazo, isso gera um contas a receber que não chega imediatamente. A empresa precisa, portanto, estar preparada para, durante esse período, ter recursos para lastrear a operação”, indica.

Outra precaução do gestor deve ser a concessão de crédito. Se não há critérios para concessão do benefício, a empresa pode sofrer com a inadimplência posteriormente. Como destacado pela profissional, no Brasil, quase um terço da população não paga suas dívidas no prazo acordado.

A professora do ProCED-FIA também defende que um bom gestor financeiro deve saber equilibrar as contas dos estoques da empresa composto por três elementos: matéria prima, produtos em andamento e produtos acabados. De acordo com a especialista, todos esses recursos têm lá suas peculiaridades que precisam ser monitoradas. “A empresa precisa ter matéria prima numa quantidade suficiente para munir a operação, mas não pode ser em excesso porque isso representará dinheiro parado.”

Costa explica que a mesma situação acontece no estoque de produtos. A empresa precisa ter o devido equilíbrio entre a quantidade que mercado comprará, evitando, assim, o excesso do produto em estoque e os recursos financeiros imobilizados.

Por fim, o líder de finanças também precisará ficar de olhos nas dívidas adquiridas pela corporação. “Tudo que a empresa parcela, seja com fornecedor, com o banco, ou com o governo, de alguma forma vai compor esse passivo circulante”, explica Costa. Para ela, a soma dessas dívidas tem um grande impacto na gestão financeira da empresa.

“Se o gestor conseguir fazer um bom manejo das vendas a prazo, controlando os inadimplentes e os estoques em contraposição às dívidas, é mais fácil dele fazer a manutenção do capital de giro”, afirma a especialista.

Efeito da inflação

Saindo da análise do balanço da empresa, outra dedicação que o líder de finanças precisa ter é acompanhar os índices de inflação dos mercados. “Na prática, a inflação significa somas crescentes de recursos para adquirir as mesmas coisas ou para expandir a operação da empresa”, esclarece Costa.

Ou seja, se antes da pandemia, por exemplo, uma empresa que produz pães comprava a saca do trigo por duzentos reais, agora, com o aumento da inflação nesse período da crise, ela só consegue adquirir o mesmo insumo por duzentos e oitenta reais. O poder de compra da empresa foi corroído e, para evitar perdas, a empresa terá de repassar esses custos para o
mercado consumidor.

Como destacado pela professora, em tese, a partir do Plano Real, de 1994, não haveria mais inflação no país, ou ela seria uma inflação mais controlada. No entanto, não é essa a realidade que vem sendo observada. Um breve estudo do preço médio do Big Mac no período de 25 anos revela essa distinção entre prática e teoria. Se em 1994, era possível comprar um combo do lanche por menos de cinco reais, hoje, esse valor ultrapassa os vinte e cinco reais. 

“A inflação corrói o nosso poder de compra e se o gestor financeiro não estiver antenado para essa situação, ele pode ter dificuldades”, salienta Costa.

Gostou das dicas da nossa professora? Quer saber mais sobre como ser um bom gestor de finanças? Então inscreva-se no curso de Demonstração Financeira: Como Analisá-las do ProCED-FIA. Não perca!


Voltar