19 jun 22

Desafios da sustentabilidade: qual é o tom da retomada?

Veja quais são os desafios de uma agenda mais sustentável para empresas e governos após a pandemia.

Como manter sua empresa dentro dos desafios de sustentabilidade global? Essa é uma pergunta que está finalmente recebendo atenção do board das organizações. Segundo uma pesquisa divulgada no site da revista Harvard Business Reviews, três quartos, de 301 diretores entrevistados em empresas sediadas em 43 países, reconheceram que questões climáticas devem ser prioridade nas agendas corporativas.

No entanto, o mesmo levantamento revelou uma desconexão entre o que a diretoria diz e o que se faz. Por exemplo, apenas 72% dos pesquisados relataram estar confiantes de que suas empresas atingirão as metas climáticas propostas, sendo que 43% das organizações sequer estabeleceram metas de redução de carbono.

Há uma distância global entre o que se divulga como prioridade e as escolhas efetivadas. De acordo, com o a Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável, a sociedade mundial ainda está longe de atingir os objetivos para um planeta mais saudável. Com a pandemia de Covid-19, em algumas áreas vitais para manter a sustentabilidade do globo, como desigualdade, ação climática, educação, consumo e produção sustentáveis, o progresso parou ou foi revertido.

Para tentar reverter esse quadro desanimador, empresas, sociedade e governos terão de unir forças para cumprir, de fato, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para ajudar as organizações e pessoas nesse processo, reunimos aqui alguns dos desafios mais prementes e tendências da agenda sustentável para 2022. Confira!

Por que o debate sobre a sustentabilidade do planeta é importante?

Todas as atividades humanas têm um impacto negativo na Terra. Consumimos mais recursos do que o planeta pode oferecer. Para atender à crescente demanda de matérias-primas, danificamos os ecossistemas com práticas intensivas e poluentes.

Estamos em um momento crítico na busca de metas de sustentabilidade. Os cientistas alertam que em breve chegaremos a um ponto que será impossível manter o aumento da temperatura global abaixo do limite de 2°C estabelecido pelo Acordo de Paris.

Chegar a zero emissões de carbono também não seria possível sem uma abordagem de desenvolvimento equilibrada, e é por isso que tirar comunidades vulneráveis ​​da pobreza, reduzir a desigualdade e adotar modelos econômicos resilientes é tão importante quanto limitar a pegada de carbono.

Principais pontos e tendências dos ODS

Agora que você já sabe a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, separamos aqui alguns tópicos e inclinações sobre a temática para 2022, o ano da retomada após a crise sanitária da Covid-19.

Melhorar a educação

Ao melhorar a empregabilidade, a inovação e a competitividade, a educação é um motor essencial da prosperidade econômica e social.

Em apenas dois anos, segundo especialistas da área, a pandemia removeu 20 anos de progresso na educação. A porcentagem de crianças do 1º ao 8º ano que não têm proficiência mínima em leitura está projetada para aumentar em 9%, chegando a 55% no total.

A mudança temporária para o aprendizado remoto durante a pandemia deixou as crianças de famílias vulneráveis ​​menos equipadas para participar, além de mais propensas a desistir. Ademais, as crianças pequenas dependiam inteiramente dos pais e cuidadores em casa por longos períodos, diminuindo suas oportunidades de aprendizado.

Por último, a lacuna de competências digitais continua a ser um desafio crítico. É improvável que a proporção de adultos (pessoas de 16 a 74 anos) com habilidades digitais básicas mínimas atinja a meta de 70% até 2025.

Desigualdade social

A pandemia da covid-19 provocou um choque de grandes proporções, não só pela sua intensidade e abrangência, mas também pelos seus desdobramentos sociais. A crise sanitária foi universal, mas o impacto nos estratos sociais foi distinto, deixando a população mais desfavorecida ainda mais vulnerável.

As pessoas em áreas subdesenvolvidas tiveram maior risco de infecção e de não receber cuidados de saúde adequados, além de sofrer as consequências da recessão econômica.

Só no Brasil, de 2019 a 2020, o IBGE apurou que 12,8% dos brasileiros passaram a viver com apenas R$ 246 por mês.  Mas por outro lado, segundo levantamento da revista Forbes, em 2020, não apenas o número de bilionários aumentou significativamente no mundo, passando de pouco mais de 2 mil para 2.755 mil, como a riqueza dessa pequena parcela da população subiu de 8 trilhões de dólares para 13 trilhões.

Diminuir a lacuna de homens e mulheres no mercado de trabalho

A participação igualitária das mulheres na tomada de decisões é considerada crucial para a resposta à pandemia e a recuperação econômica. Um exemplo, embora representem 75% da força de trabalho em saúde, apenas 28% delas está em cargo de liderança. Na prática, em todos os setores há essa falta de representatividade feminina no comando, as mulheres representam apenas 25,6% nos parlamentos nacionais, 36,3% no governo local e 28,2% em cargos gerenciais.

Além do mais, no mercado de trabalho, as mulheres sofreram perdas mais acentuadas do que os homens desde o início da pandemia, ameaçando o progresso feito nas últimas duas décadas para melhorar as oportunidades de participação econômica e política das mulheres.

Só no Brasil, segundo a Pnad Contínua, do IBGE, 8.5 milhões de mulheres tinham deixado a força de trabalho no terceiro trimestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Combate às mudanças climáticas

Não estamos nem perto das metas estabelecidas no Acordo de Paris para limitar o aquecimento global e, assim, mitigar alguns dos efeitos da crise climática. Os principais gases de efeito estufa continuam a se acumular na atmosfera, mesmo apesar da redução temporária da atividade econômica e da mobilidade durante os recentes lockdowns.

Em meio aos desafios da sustentabilidade, as mudanças climáticas são as mais urgentes. A conferência da COP26 em Glasgow foi encerrada com sentimentos contraditórios sobre o progresso alcançado e o terreno traçado.

Entre os principais acordos fechados durante a COP26 estão:

Estados Unidos e a União Europeia lideraram o acordo global de redução da produção de metano, cujo objetivo é cortar as emissões em ao menos 30% até 2030, principalmente nos setores de energia, agricultura e rejeitos sólidos. 

 O documento assinado ao final da COP26 convocou os países desenvolvidos a se comprometerem com a criação de mecanismos de financiamento, destinados a ajudar países que já sofrem os efeitos das mudanças climáticas. No entanto, a iniciativa ficou vaga em detalhes e prazos.

 O primeiro grande acordo anunciado durante a conferência das partes foi a declaração de florestas e uso da terra, que estabeleceu a meta de acabar com o desmatamento no mundo até 2030. O Brasil, que já havia anunciado sua meta individual de eliminar o desmatamento ilegal até 2028, anunciou que vai assinar o documento. 

 Foi fechado também um acordo entre governos, empresas e outras organizações em relação ao futuro da indústria automotiva e do transporte rodoviário, com o compromisso de acelerar a transição para zerar emissões. A meta é que todas as vendas de veículos novos sejam de modelos neutros até 2040, e em mercados líderes, até 2035. 

Economia circular

Os desafios da sustentabilidade também incluem a forma como consumimos recursos. Nossa pegada global de materiais aumentou 70% entre 2000 e 2017, de acordo com estudos da ONU. Atualmente, o mundo continua a consumir mais de 100 bilhões de toneladas de materiais por ano.

Muito desse consumo gera resíduos. Em 2018, de acordo com levantamento da União Europeia, o bloco gerou sozinho 812 milhões de toneladas de resíduos, ou 1.818 quilos por habitante. Por outras contas, 99% das coisas que compramos acabam no lixo em apenas 6 meses. O modelo linear não apenas desperdiça recursos, mas gera poluição e emissões de gases de efeito estufa.

O lixo deve ser visto como um recurso. A reciclagem manteria os materiais na economia, preservando seu valor. A reutilização evitaria a maioria dos resíduos. Essa é a proposta oferecida pela economia circular.

Então, o que conseguimos nessa direção até agora? Apenas 8,6% da economia global é circular. Em 2019, a taxa de uso de material circular estava melhorando e atingiu 9,1%. Nos últimos dois anos esse progresso foi perdido.

Agora que você já sabe quais são as principais metas globais de sustentabilidade, que tal compreender um pouco mais sobre a importância de acompanhar os principais indicadores econômicos no seu negócio? Gostou da sugestão? Então confira artigo exclusivo sobre a temática no nosso blog


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